A carteira atual de projetos de hidrogénio verde em desenvolvimento pelo mundo fora atingiu os 1125 gigawatts (GW), um crescimento de 168 GW, ou 18%, em apenas seis meses, revela a mais recente análise da consultora britânica Aurora Energy Research.
Segundo a consultora, estes 1125 GW de projetos com eletrolisadores apresentam ainda uma elevada incerteza sobre a sua real execução, dado que 86% desse total são projetos em fase embrionária, cujos promotores não revelaram detalhes sobre a localização, a tecnologia a usar ou o calendário de desenvolvimento.
De acordo com a Aurora Energy Research, apenas 1% dessa carteira está já em construção. E a mesma consultora indica que há 269 GW que deverão estar operacionais até ao ano 2030, o que é mais um terço do que o volume que era estimado no anterior levantamento feito pela empresa, em outubro de 2022.
A execução destes projetos será um aumento relevante na indústria do hidrogénio verde, que está ainda a dar os primeiros passos, já que globalmente, de acordo com a mesma consultora, só há 450 megawatts (0,45 GW) de eletrolisadores já em operação.
“A Europa continua a ser a localização mais popular para os eletrolisadores, respondendo por 56% dos projetos que avançaram para lá da fase inicial de planeamento, mas a sua quota recuou face aos 63% da anterior base de dados [outubro de 2022], sinalizando alguns desafios à sua popularidade”, refere a Aurora Energy Research em comunicado.
A região mundial com o maior aumento da carteira de projetos de hidrogénio verde nos últimos seis meses é a América do Norte, seguida da Europa.
Para já este setor emergente precisará que haja uma forte expansão da capacidade industrial. A Aurora estima que a capacidade de produção de eletrolisadores alcançará os 48 GW por ano em 2025 (mais 60% do que estimava há seis meses). Mas a Aurora indica também que a capacidade industrial global chegará aos 410 GW em 2030.
A mesma consultora estima que o custo médio de produção do hidrogénio verde em 2025 seja de 7 euros por quilograma, com a massificação desta solução de descarbonização a baixar o seu custo nas décadas seguintes, para chegar a 2,8 euros por quilo em 2050.
Portugal é um dos países europeus que têm estado a apostar no hidrogénio verde, tendo vários projetos de pequena e média escala assegurado fundos comunitários para investir na instalação de eletrolisadores.
No país estão também a ser desenvolvidos alguns projetos de hidrogénio verde de maior dimensão, mas ainda a aguardar decisão final de investimento dos respetivos promotores, como é o caso dos projetos Green H2 Atlantic (que junta EDP e Galp, para instalar 96 MW de eletrolisadores junto à antiga central a carvão de Sines) e GalpH2Park (para 100 MW de eletrólise na refinaria de Sines).
Estes dois projetos de maior escala já iniciaram o licenciamento ambiental.
Fonte: Miguel Prado | Expresso